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A história de Juca Iberê

por rbcovo, em 27.02.12
Pasma minh'alma
Co as coisas do mundo...
Falou Juca Iberê,
Encontrou buraco sem fundo,
Ao vivo na tevê.

"No meu quintal deu o troço,
Cavidades de todo lado brotam
E o pior, oh!, moço,
De todas sai troço viscoso...
E o pior, bem pior, meu moço
Não é petróleo, é esgoto."

"Mas que danado, hein, Juquinha?
Nascer por nascer, coisa boa
Ao menos fosse. E o pior, meu véio,
Seja ou não seu, está na sua terrinha."

E aí se acrescenta o gozo...

"E quando outros perguntem
Oh!, Deus, fale pomposo,
Dessa merda toda, acreditem,
Virgem santíssima, sou o dono..."

Juca Iberê, de fraca sorte,
Da fraca sorte bem ria,
Nas suas terras não deu manga,
Não deu minério nem pinha,
Suas terras têm a graça
Dos dejetos que o furico tinha.

"Mas, homi, me fala,
Co esse troço de esgoto,
Você é sabido, bem verdade,
Não tem como fazer grana?
Ah, Deus, me ajude,
Minh'alma é precisada."

E deu na terra mui entendido
Dos Estates, da Bretanha...
Todos ficavam surpreendidos
Com cagada tamanha.

Birinaite, o americano,
Um negócio quis cumprido,
Coisa de bom tamanho,
Dava ele dois reais ao quilo
Caso fosse radioativo...

O bretão, sujeito lambido,
Fazia melhor proposta,
Dizia ele, no Reino Unido
Se recicla toda a bosta;
Damos cinco reais ao quilo
E inté lacramos a porta...

Mas Juca Iberê, meu Deus,
Tamanha dificuldade tinha
Em desfazer-se dos seus...
Já seu nariz não queria
Desses odores da vida
Ficar no atroz adeus...

"Ah, não vou vender!
Bem precisava, pra comprar
Outra burrinha, mas não sei...
Me diga, homi, você,
A grana que possa ganhar
Não vou gastar em adubo
A mais tarde a estrumar?"

E assim decidido estava
E ficou por muita semana,
Até que à terra deu
Um esnobe monsiú francês,
Bem falante, muito cortês,
Da Chaneli representante...

"Ah, valha-me Deus, o senhor
É daqueles cabras da França
Que entendem pra carai de odor?
Oh, seja bem vindo, 
Mui nobre convidado,
E me diga, fale verdade,
Melhor aroma que este
O senhor já tinha cheirado?"

E quando o gaulês negou,
Elevando suas propriedades,
Juca Iberê inflou,
Se encheu de todas vaidades.

"Meu bom senhor, pois saiba,
Eu também disso duvidava,
Mas a excelência do odor
Veio aqui das minhas entranhas."

E os vizinhos se ajuntaram
Na porta do Juca apinhados
Pra nobre discurso batendo palmas.

"Eu, Juca Iberê, meu senhor,
A vós, homis da Chaneli, vendo!
Não acho justo o mundo privar
Do que tenho em meu terreno.

Mas...

(Juca Iberê gostava dum suspense)

O senhor tem de me levar a França,
Assim é meu desejo pleno."

Contrato assinado, na mão as passagens
Juquinha partiu faz dois anos,
E não voltou, voltou não,
Dizem agora que num tal de Sena, nas margens,
Todo dia se vê o homi cagando.

Et voilá, os franceses sont très contents.


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publicado às 23:04



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